26 novembro, 2008

Maresia

Foi ha muito tempo...

Bastante tempo mesmo.

Eu uma quase menina, saída da barra da saia de mãe, avós, escola
rígida, família unida e controladora.

Sozinha em terras alem mar, dando graças a Deus pela língua ser a mesma, se
bem que muito diferente em alguns aspectos,estava
me adaptando rapidamente .

Tinha todo o tempo do mundo(nessa época eu acreditava nisso) para fazer o que bem entendesse.

Tinha então 17 anos, um casamento recente,cujo marido, trabalhava em outra cidade à uma hora de avião da cidade que resolvemos nos instalar para viver.
Ficariamos no pais por 4 anos,caso tudo acontecesse conforme
o previsto.

Tal situação fazia eu ficar só por dias com tanto a fazer e viver.

Era eu uma mocinha, deslumbrada por estar enfim longe do controle da família, vendo-me sozinha num PARAISO.

Escolhemos essa região por ser a mais abrasileirada, alem de ter praias
lindíssimas.

Isso sem falar dos surfistas.

Ah os surfistas!

Passava longas tardes na praia,mesmo que em dias de inverno cortante,observando os corajosos surfistas que sempre estavam por ali a espera de melhor onda e desfrutando das mais perfeitas praias do Algarve.

Alguns deles vinham a Tavira,cidade onde eu residia, de outras regiões e até de países diferentes e ficavam em
pousadas ou quartos sub-alugados de
um bairro próximo.

Perto havia um comércio,onde iamos, e nele uma lavanderia,onde
os deliciosos surfistas levavam suas roupas para serem lavadas,
roupas essas que os acompanhariam nas próximas viagens a procura
de outras ondas e outras emoções.

Um deles eu encontraria na lavanderia,esperando as roupas secarem.

Havia eu, levado para lavar a roupa de cama ,usada no fim de semana .

Era ele de Moçambique , diferente dos habitantes daquela
região tinha uma pele bem clara,mesmo que escondida pela cor que muitos verões surfando haviam trazido à sua pele.
Os cabelos eram lisos e sedosos ,trazia no olhar um brilho da cor de mel que nunca pude esquecer.

Sentados sobre as maquinas, fumávamos nossos cigarros sem muito assunto
para conversar, até que ele percebeu que eu era estrangeira e melhor ainda brasileira.

Estranho o fascinio que tinham por brasileiros naquela época.


Estranhou por ser eu do tipo branquela, sardenta e um pouco tímida.

Creio que esperava ,alguem morena e rebolante,ao ritmo do samba.

O fato de ser brasileira e falante,fez com que ele se soltasse,e perguntasse sobre muitas coisas do meu pais,incluindo futebol,Pelé,nossos costumes,nossas praias,nossa musica,o famoso e delicioso samba,e principalmente sobre as tais deliciosas mulatas e o carnaval.

Fazia frio eacabei sugerindo que fossemos ao café mais próximo, enquanto nossas
roupas secavam.

O café estava vazio àquela hora, resolvemos pegar um
vinho, e voltar as maquinas, o lugar calafetado fazia com que o frio
desaparecesse.

Não sei se foi à solidão, minha recente descoberta de como sexo era bom,
aqueles olhos claros, a pele castigada pela
água salgada, o charme de quem já havia conhecido muitas ondas, e trazia no olhar tudo isso ou o calor e a excitação que o vinho exercia sobre mim, de repente nos aproximamos e sou beijada,retribuindo com um arcor ,antes não conhecido em mim.

Naquele momento, não estava ali à moça certinha e recém casada e sim
a moça - mulher ,timida sim,mas trazendo a vadia e lasciva mulher que existia dentro de mim.

Com tantas desejos e descobertas por viver.

Meu marido (hoje ex), já estava ausente há duas semanas e o corpo que
conhecia o sexo recentemente, estava saudoso de ser novamente tocado.

Lembro-me que nos tocamos, a principio gentilmente, depois de forma
alucinada e com pressa, já que a qualquer momento, alguém poderia aparecer.


Nunca havia sido tocada daquela forma tão desavergonhada, tive minha buceta e
anus violados por aqueles dedos ,que me pareceram hábeis demais para alguém tão
jovem quanto eu.

Não houve penetração,houveram toques,bocas,mãos e muito desejo,tanto que nos encharcamos de gozo.

Despedimos-nos sem que eu soubesse mais que o apelido dele,
surfista voador ,se bem que violador também lhe cairia bem rs.

Pra ele ,eu seria a menina brasileira dos lábios tremulos na hora do gozo.

Por três dias ao caminhar pela praia ,os vi por ali pegando onda,
resolvi não me aproximar.

Deixei as roupas se acumularem nos cestos de casa e não fui mais a lavanderia enquanto o grupo que ele fazia parte estava na cidade.

Gostava da sensação nova experimentada por mim de ousadia e mistério.

Restou em mim, acredito que nele também, a certeza que tinhamos vividos
momentos deliciosos e maravilhosos.

Ainda hoje ao ser brindada com o cheiro da maresia e quando vejo pranchas
dispostas pela areia, lembro-me daquela menina e daquele rapaz que sentiram
tanto tesão de forma tão natural, sem se preocuparem ao menos em saberem nomes e todas aquelas coisas que hoje nos preocupariamos.

Soubemos gostos ,toques e cheiros um do outro e isso foi o suficiente para por um bom tempo ainda senti-lo e hoje ao relembrar, sorrir e me fazer úmida.


De

5 comentários:

Maria disse...

Ah, esses momentos congelados no tempo, fragmentos de vida que guardamos na caixinha mágica das boas lembranças...

Delícia constatar que, de perto, todos temos nossos pecadilhos preservados dos olhares que nada entenderiam!

Beijos, querida, deu até para sentir o gostinho do vinho daqui!

Anônimo disse...

Nada como ter vivido plenamente , para ter estas aventuras deliciosas para relatar, mais uma faceta que nos mostra a mulher ardente que vc é!
Beijos

básica disse...

Mor....
eu acredito que sair pra comer fora, ainda que seja um banquete, aumenta a vontade de dar requinte a comidinha caseira.. . e pode trazer uma chuva de cores festivas à vida "básica"...
Suas escritas sempre mexem com as vontades........

beijocas

Denise disse...

Ah Basica
Hoje consigo relembrar sem culpa
( sou careta SIM).
Mas mesmo sabendo que foi apenas uma experiencia,que ate deu meios de comparar ,homens e experiencias já que eu não tinha experiencia sexual a não ser com meu marido,preferi absorver a "culpa" e fazer de meu casamento um BAITA casamento,que foi feliz MUITOS anos rs.

Licia

A disse...

Acredito que a maioria de nós, viveu algo semelhante. Essa sensação de ter o gôzo "roubado"é algo indescritível. Somos tão tolhidas a vida toda, que é difícil aceitar momentos assim, no futuro, como dádivas.

Brindemos às nossas mais íntimas experiências!