02 março, 2009

Eu sou...


" Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta,
anunciou:
vai
carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda
envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar
mentir.

Não sou feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que
sinto escrevo.
Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade
de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é
maldição pra
homem.

Mulher é desdobrável.

Eu sou."

...isso

segundo Adélia Prado

4 comentários:

Janaina Amado disse...

Denise, somente hoje tive tempo para vir visitá-la com calma, conhecer seu espaço, ler seus posts, atuais e antigos, ver suas imagnes. Gostei muito do que li e vi, sensível, bonito e inquieto. Estou colocando um link seu no enredosetramas, viu? Beijo!

Anônimo disse...

Se Chico Buarque é o homem que mais entende a alma feminina, Adélia Prado escancara essa alma....
Grande sensibilidade Dê ao escolher este poema que fala tanto a todas nós...
abraos
lia

Denise disse...

É Janaina,inquieta e intensa talvez sejam outras qualidades ou não (risos),que fazem parte de mim.
Beijos

Denise

Denise disse...

Sim lia
Adelia,tem esse jeitão de ser mulher que encanta e porta a bandeira com maestria.

beijos
Denise