Não são palavras minhas,mas é TUDO que quero dizer.
Tenho que diminuir os gastos, o tempo vago, minhas horas de sono, a minha grande e tola distração.
Tenho que diminuir as lágrimas expostas - nuas no rosto pálido -, as lamentações das coisas que não foram, minha ingenuidade, meu grau irresponsável de sinceridade, a minha insistente e desvairada insanidade.
Tenho que diminuir as emoções em altos picos.
Dizem que isso é correr riscos demais.
Tenho que diminuir o vício de correr riscos demais
Diminuir a quantidade de pensamentos que rondam minha mente.
Diminuir a minha mente.
Tenho que diminuir minhas mãos, que cismam em agarrar, afoitas, a tudo e a todos.
Diminuir a quantidade de palavras que se alojam acomodadas dentro da minha boca.
E, de minha boca, diminuir o tom da voz, junto com as futilidades ditas por dizer, largadas por aí, sem ter o que fazer em alguma mente ou em qualquer lugar.
Tenho que diminuir meus olhares vagos, minhas inúmeras e teatrais expressões.
Tenho que diminuir a quantidade de chocolate, a gordura localizada, a celulite, algumas medidas aqui e ali do meu corpo mutante, do meu corpo comandado, usado, abusado, inerente a minha mente (será?).
Tudo isso para alongar minha vida.
E qual vida se tem, quando se é diminuída?
As favas com os diminutos.
Tenho, sim, é que aumentar tudo para viver como tem que ser: vivendo.
Só isso.
Só isso tudo.
Mariana Antonelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário